O presidente francês Emmanuel Macron anunciou a formação de um novo governo, liderado pelo primeiro-ministro Michel Barnier, quase três meses após uma eleição geral antecipada que resultou em um parlamento fragmentado. A decisão de Macron de se aliar à direita, apesar da vitória da esquerda nas eleições, reflete uma estratégia política complexa em um cenário de crescente pressão econômica e política.
A nova composição do governo, que inclui figuras proeminentes do Partido Republicano, como Bruno Retailleau no Ministério do Interior, sinalizando uma guinada à direita. Retailleau, conhecido por suas posições conservadoras, terá a responsabilidade de lidar com questões de imigração, um tema sensível na política francesa. A inclusão de dez membros do Partido Republicano no gabinete destaca a tentativa de Macron de consolidar o apoio em um parlamento dividido.
Apesar da presença significativa de conservadores, Macron manteve aliados próximos em posições estratégicas. Sébastien Lecornu continua como ministro da Defesa, enquanto Jean-Noel Barrot foi nomeado ministro das Relações Exteriores. A escolha de Didier Migaud, um político independente, para o Ministério da Justiça, foi a única concessão à esquerda, refletindo a dificuldade de Macron em equilibrar as forças políticas.
A nomeação de Antoine Armand, do partido Renascimento de Macron, como ministro das Finanças, destaca a prioridade do governo em enfrentar o crescente défice da França. Com a tarefa de elaborar o orçamento antes do ano novo, Armand enfrentou o desafio de responder às advertências da União Europeia sobre as finanças públicas francesas, que violam as regras do bloco.
Michel Barnier, veterano conservador e ex-negociador do Brexit, foi escolhido como primeiro-ministro para liderar o governo em meio à fragmentação parlamentar. A Nova Frente Popular (NFP), aliança de esquerda que conquistou a maioria dos assentos, ameaça um movimento de desconfiança, complicando ainda mais a governabilidade de Macron.
Protestos eclodiram em Paris e outras cidades francesas, com milhares de manifestantes de esquerda expressando descontentamento com a formação do novo governo. Liderados por Jean-Luc Mélenchon, os manifestantes criticam a exclusão de Lucie Castets, candidata à esquerda ao cargo de primeiro-ministro, e acusam Macron de ignorar o resultado eleitoral.
Macron defende a sua escolha de Barnier, argumentando que ele tem mais hipóteses de sobreviver a um voto de desconfiança, especialmente com a extrema direita, liderada por Marine Le Pen, não se opondo automaticamente ao novo governo. A estratégia de Macron visa garantir a estabilidade em um parlamento onde alianças são essenciais para a aprovação de novas leis.
A formação do novo governo francês ocorre em um contexto de desafios econômicos e políticos significativos. Com uma dívida pública em alta e um parlamento fragmentado, Macron assumiu a tarefa de navegar por um cenário político complexo, buscando apoio tanto à direita quanto à esquerda para implementar suas políticas e garantir a estabilidade governamental.