O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, fez duras críticas a Elon Musk, associando o bilionário a um movimento internacional de extrema direita que, segundo ele, busca desestabilizar as democracias. As declarações foram feitas numa entrevista ao jornal britânico Financial Times, onde Barroso destacou a onda crescente de “populismo autoritário” no mundo.
No mês anterior, Musk havia criticado o Judiciário brasileiro, especialmente o ministro Alexandre de Moraes, ameaçando reativar perfis apagados por decisão judicial. Barroso, atual presidente do STF, alertou sobre a articulação de extrema direita global, indicando que Musk poderia ser parte desse movimento.
Durante uma entrevista, Barroso afirmou que a luta é contra “poderosos inimigos da democracia” e criticou aqueles que usam a liberdade de expressão para defender modelos de negócios baseados no ódio e no sensacionalismo. Ele ressaltou que algumas pessoas invocam a liberdade de expressão para convenções práticas à democracia.
O Financial Times tentou obter uma resposta de Musk sobre os comentários de Barroso, mas não recebeu retorno específico. Uma entrevista ocorreu durante o J20, uma reunião de cúpula dos chefes dos tribunais supremos do G20, onde Barroso expressou suas preocupações sobre a situação política global.
Musk, por sua vez, manifestou-se contra decisões do STF, como o bloqueio de perfis investigados por divulgação de notícias falsas. As publicações que foram classificadas como protegidas da Justiça brasileira como expostas à liberdade de expressão, o que levou Alexandre de Moraes a incluir Musk em inquéritos sobre milícias digitais.
Moraes determinou uma multa diária para perfis desbloqueados no descumprimento de ordens judiciais e abriu investigações sobre possíveis crimes cometidos por Musk. Apesar das ameaças iniciais, a rede social X, de Musk, concorda em cumprir as ordens judiciais, mas planeja discutir.
Barrosou que a extrema direita está criando problemas inexistentes com argumentos de censura. Ele destacou que uma recente investigação sobre uma suposta tentativa de golpe no Brasil provou que a democracia está sob ataque, mencionando os tumultos em Brasília em janeiro do ano passado como exemplo.
O ministro concluiu que, embora seja difícil traçar a linha entre liberdade de expressão e ataques à democracia, incitar violência contra o Estado é inaceitável. Ele enfatizou que as críticas são permitidas, mas as incitações a invasões e a violência ultrapassaram os limites aceitáveis.